Rosa D' Saron (Ynu)

 

Versos da Alma



Textos



MINHA AVÓ

          Toda criança sadia é peralta e sapeca, e eu fui sim, uma criança cheia de "sapequices",que vivia fazendo traquinices deixando os adultos em verdadeiros apuros ou "enfezados" ao ponto de quererem me dar uma boa sova.
          Uma das minhas recordações me leva a um fato que até hoje me faz sorrir e cujo momento quase levo uma bela surra de minha avó materna. Desde que entendo por gente, lembro da minha avó já bem de idade, muito austera e sem nem uma palavra de carinho ou afago, pelo contrário, só lembro-me dela com uma bengala que volta e meia ela direcionava a cabeça de quem com ela teimasse.
         Como vivíamos em lugares diferentes, pouco eu a via,e deve ser por isso que ela não tinha o costumeiro carinho e amor que geralmente as avós tem.
Bem, me lembro que ela tinha um "papo”, e isso era coisa para meu irmão viver fazendo piadinha, e como ele era grande já rapaz e eu tinha lá meus 6 aninhos,ele então vivia fazendo eu aprontar com minha avó.
          Naqueles tempos tinha-se o costume de chamar as avós de "mãezinha",pois segunda a tradição ela era mãe de todos os seus descendentes,portanto chamá-la de avó ou vovó era uma afronta e recebia de troco uma bengalada na cabeça ou "bunda".Outra coisa que ela detestava era que a chamasse de vó do papo,aí a coisa ficava preta mesmo.
         Pois bem,meu irmão um dia me disse para a chamar de vó do papo e eu inocente sem saber de nada,fui lá,mas bem arredia e ao longe a chamei.Lembro que seu olhar me fulminou e a bengala voou em minha direção,mas sendo ligeira me deitei ao chão e ela passando veloz atingiu meu irmão bem na cabeça formando um "galo" bem grande.Eu me levantei e corri o mais longe que pude enquanto ouvia minha avó aos berros dizendo que ia me pegar,mas eu sabia que era impossível me alcançar e sorrindo me pus a subir no pé de Jenipapo que havia no fundo do quintal.ficando alí até meu pai chegar da "roça",pois eu sabia que ele não ia permitir que ela me desse a surra prometida.
          Ela tentou envenenar ele de todas as formas, mas sendo um pai/mãe cheio de amor, ele então me colocou no colo e com ternura me pediu para explicar o porquê do sucedido o que eu lhe informei que fora meu irmão que havia me dito para chamá-la daquela maneira. Meu pai então com carinho me explicou que nunca devemos desrespeitar os mais velhos e que a chamar assim era uma falta de respeito a qual eu devia prometer que nunca mais o faria e que devia lhe pedir perdão por essa falta cometida.
          No final tudo acabou bem, mas coitado do meu irmão levou um castigo dos bons, pois por ser maior devia me ensinar o correto ao invés de me instigar a ter falta de respeito. Até foi merecido o castigo dele, pois teve que carregar água do ribeirão num "pote" de barro durante quinze dias, além de ter que ajudar minha irmã na tecelagem de cobertas e tecidos.
Hoje eu olho as minhas pequenas e sorrio quando as vejo fazendo "arte",pois esse é um tempo que nos fica na memória por toda vida! E o engraçado é que muitos dizem que me pareço com minha avó,então eu sorrio e digo: Cuidado com a cabeça! Mas não sou como ela,pois ela tinha um coração muito duro ,não sabia perdoar e eu sou toda amor,pois aprendi desde criança que não devemos desejar o mal ao nosso próximo!

Rosa D' Saron
14-05-2012
Ynu(Rosa D Saron )
Enviado por Ynu(Rosa D Saron ) em 06/05/2013
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